10 PERGUNTAS PARA LHE AJUDAR A ENCONTRAR SEU RUMO NA VIDA.

Esta palestra vai destruir suas ilusões sobre carreira e seu emprego – e isso é ótimo!

Se você tem pouco tempo de carreira, essa palestra vai destruir suas ilusões — e isso é ótimo! Confira 10 perguntas para lhe ajudar a encontrar seu rumo na vida

Palestra na Ted Talks mostra o que o empreendedor Scott Dinsmore fez quando estava num emprego no qual se sentia miserável e descobriu que precisava fazer algo próprio, onde pudesse tentar e errar, e conta com paixão o que aprendeu. Uma das melhores palestras sobre o tema é também uma das mais tocantes por outro motivo: Scott faleceu em 2015, atingido por uma pedra quando tentava escalar o Monte Kilimanjaro.

Frase: “Aceitar empregos apenas para fazer currículo é o mesmo que deixar para fazer sexo apenas quando envelhecer”.

Cansado dessa vida louca? Esperando ansiosamente o final de semana para descansar ou fazer algo que goste? O que você gostaria mesmo é de chutar o balde, largar o emprego, fugir e… e… fazer… fazer o que?

Em que você trabalharia se pudesse escolher o trabalho dos seus sonhos? Se você sabe a resposta para essa última pergunta, é um (a) felizardo (a). A maioria de nós não sabe. Não fomos treinados para explorar nossas habilidades e descobrir nossas paixões. As perguntas abaixo podem ajudar a você se encontrar. Foram baseadas no material disponibilizado por Scott Dinsmore, que tem uma palestra no TED Talks com mais de 2 milhões de visualizações. Ele criou uma comunidade para ajudar as pessoas a trabalharem naquilo que amam.

Scott Dinsmore atua na Live Your Legend, uma plataforma de aprimoramento de carreira. Em sua palestra, ele aborda um problema comum no mundo dos negócios: as pessoas tendem a trabalhar em empregos que elas acham que vão levar a um emprego melhor, em vez de encontrar um papel que corresponda aos seus interesses e desejos. Não por acaso, nas melhores empresas para trabalhar, a oportunidade de crescer e se desenvolver profissionalmente, somada com o alinhamento de valores e a qualidade de vida superam, de longe, questões como remuneração e estabilidade.


Se você está pensando seriamente numa mudança de vida, vale a pena parar para refletir sobre cada uma delas:

1) O que te deixa feliz?

Você, possivelmente, vai responder algo do tipo “adoro estar entre amigos e conversar” ou “adoro assistir ao show de minha banda favorita”. Isso ajuda, mas não resolve. Tente descobrir por que tal coisa te deixa feliz. Que tipo de amigos você tem? Sobre o que mais gostam de conversar? Que tipo de música sua banda favorita toca? Por trás das respostas existem paixões. Se você, por exemplo, gosta de assistir espetáculos de dança moderna, não quer dizer que deva ser bailarino ou crítico de dança. Mas talvez você seja uma pessoa mais progressista que conservadora, talvez goste mais de arte do que ciência, por exemplo.

2) Quem você admira? Por quê?

Deixe o fanatismo de lado, e tente ser mais racional. Pense em alguém por quem você tem um profundo respeito. Alguém que te inspire, que te faça refletir com o que diz. Pode ser político, artista, um líder social ou espiritual. Em seguida, tente entender o que essa pessoa tem que o faz admirá-lo. Provavelmente, você tem algo em comum a pessoa escolhida.

3) Qual a última vez em que você ficou extremamente orgulhoso com o resultado de seu trabalho?

Abra a cabeça também para trabalhos não remunerados ou voluntários. Se você ficou orgulhoso, é sinal de que fez bem feito, que se dedicou e fez com carinho. Seu caminho está por aí.

4) Qual foi a última vez que perdeu o sono de excitação pelo que vinha no dia seguinte?

Claro, não vale se o sono foi perdido por nervosismo. Sabe aquela festa que você está ansioso para que chegue logo? Já teve a mesma sensação com um projeto pessoal, ou mesmo no seu trabalho atual?

5) Qual foi a última vez em que você perdeu completamente a hora no trabalho ou com algum projeto pessoal?

Quando a gente gosta do que faz, não vê o tempo passar. Qual a última vez que isso aconteceu com você? O que isso diz sobre você?

6) Por que seu melhor amigo ou amiga gosta de você?

Pergunte. Ele provavelmente também não vai saber. Peça para pensar no assunto. A resposta pode lhe surpreender e mostrar caminhos.

7) Se você tivesse certeza de que não vai falhar, que plano tiraria da gaveta e começaria amanhã?

(.....................................)

8) Como você gosta de ajudar as pessoas?

Seus amigos ou colegas de trabalho pedem sua ajuda? Para fazer o que? Isso pode ajudar a descobrir como você é visto pelos outros, mas talvez não seja capaz de ver por si só.

9) Se você tivesse que trabalhar de graça por uma semana, mas pudesse escolher, que trabalho faria?

Em outras palavras, o que você gosta tanto de fazer que faria até de graça?

10) O que você gostaria de ouvir dos seus amigos e colegas no seu próprio funeral?

Vivemos um período de transição, onde, cada vez mais, é possível encaixar nossos sonhos e habilidades nas demandas do mundo. O primeiro passo para mudar de vida é se descobrir, encontrar nossas habilidades e paixões. Isso deveria ser evidente, mas a verdade é que não é, nem para pessoas mais vividas. Espero que essas perguntas ajudem você. Comigo funcionou.




Veja também no TED TALKS


Scott Dinsmore largou um emprego que o deixava infeliz e passou os quatro anos seguintes se perguntando como encontrar um trabalho que lhe proporcionasse alegria e significado. Nesta palestra aparentemente simples, ele compartilha o que aprendeu sobre como encontrar aquilo que é importante para você, e como colocar mãos à obra.

FONTE:

RESPONDA, VOCÊ SABE A RESPOSTA.


Uma pergunta simples, até parece matemática, mas estou interessado no que você sabe sobre esta questão. Mesmo que tenha sua religião, siga alguma seita ou nem uma coisa ou outra, quero saber o seu conhecimento diz sobre isto. Essa equação você irá vivenciará certamente é você irá se lembrar desta pergunta:

- Daqui a dez anos você encontrará uma criança de cinco anos: HOJE, onde ela está?

A NAU DOS INSENSATOS



"Direita e Esquerda estão na mesma nau. Remadores situacionistas à esquerda e remadores oposicionistas à direita. Não se sabe porque os remadores verde-amarelos não querem mais trabalhar com os vermelhos. Estes ficam irritados e pensam que há alguma interferência externa ao governo. Os verde-amarelos, à direita, continuam com seus remadores, mas a nau está rodando em círculos, porque não há poucos remadores vermelhos.

Os vermelhos pedem novos remadores ao governo. Como não há remadores disponíveis, o governo pensa que basta distribuir os remadores verde-amarelos pelos dois lados do barco para que ele ande, até que se consigam novos remadores vermelhos.

Expedida a ordem, os verde-amarelos se indignam. Acusam os vermelhos, fazem o maior barulho, pedem aos remadores voluntários que têm do outro lado que parem de trabalhar e deixam a nau a ver navios ... Eles entendem que estão defendendo seu direito e acham que houve uma conspiração entre os vermelhos e o governo. Desejam ir ao Suprema Justiça na esperança de uma intervenção.

nau está parada. O governo pede desculpas pela decisão unilateral e retorna os remadores voluntários para o lado dos verde-amarelos que agradecem. Os verde-amarelos comemoram. Mas a nau brasileira continua a dar voltas ao redor de seu próprio eixo comandada por insensatos."

VIDAS FUTURAS

Ontem, navegando como tripulante da VICTÓRIA (1520), nau de Fernão de Magalhães, descobri uma palavra, estranha na pronuncia, curiosa no significado: MAMIHLAPINATAPEI (em yagan, língua do povo indígena do mesmo nome que habitava a Terra do Fogo, no fim da Argentina) que significa "um olhar trocado entre duas pessoas no qual cada um espera que a outra tome a iniciativa de algo que os dois desejam, mas nenhuma quer começar ou sugerir". 

-Tudo está ligado, aquilo que se pesquisa mais aquilo que se descobre é o reflexo do pensamos. Assim uma palavra “linka” outra e se cria uma corrente de significados.
Essas duas palavras se junta a primeira: ABULIA e ATELOFOBIA

Talvez esse olhar de indígena sul-americano decorra do efeito colateral do amor líquido: a misteriosa fragilidade dos laços humanos e os desejos conflitantes de estreitar esses laços e ao mesmo tempo mantê-los frouxos inspirados pelo sentimento de insegurança.

Pensei nisto, pois sei lembrar-me de você, todos os dias. E não é de hoje esse sentimento. Todas às vezes é sempre a mesma sensação familiar.

Antes de te encontrar e vê-la sempre tenho a nítida impressão de se tratar de um rever diário e não uma visita depois de um tempo de longe.

Quando estou na sua frente, olhando e conversando, é como se falássemos sobre uma parte do dia que não estávamos juntos, mesmo que os assuntos fossem de meses atrás. E quando vou embora, fico com uma certa sensação de "até mais tarde".

Seria estranho se não eu achasse que isto é a mais pura verdade, diária e correta. 

Diriam uns se tratar da "vida que tivemos em outro tempo", mas acredito mesmo de se tratar de "vidas futuras".

Há uma expressão em japonês - KOI NO YOKAN; a sensação de encontrar pela primeira vez a pessoa pela qual você irá se apaixonar. Sim, eu tive essa sensação. Sempre a tenho todas as vezes que te vejo. Como se fosse aquela primeira vez que a vi.

O meu silêncio não é abulia, nem esta na incapacidade de tomar decisões e muito menos na falta de coragem. Trata-se do medo, medo de perdê-la de vista. Medo, perguntaria você com uma bela cara de espanto. Sim, por duas razões. Uma se refere ao meu sentimento. Medo de não ser suficientemente bom, de não preencher as expectativas e nem configurar novas perspectivas. A outra tem a ver com você e também  comigo. Confesso que acho isto, sem te perguntar se é verdade ou não. Trata-se daquele medo de não confiar nas pessoas, devido a experiências negativas do passado.

De pistantrofobico todos os traídos tem um pouco.

SENTIDOS


primeiro quero te olhar,
sem pressa com todo o tempo do mundo
descobrir seu corpo, admirar cada nuance
como se fosse um por de sol.
não capto outros olhos
não imagino outra visão

depois quero explorar sua pele
percorrendo todos os seus volumes.
estar contigo na força do contato
no calor que percorre seu corpo
estimulando fundo
sentindo delicias
fazendo tremer,
quero abalar suas estruturas.

para o meu deleite
ouvir a melodia da noite
o gemido do vento arfado ao som do prazer
e como ultimo recurso,
o clamor de sua voz aveludada,
macia como sua pele,
a sussurrar pedidos.

o teu cheiro me fantasia,
o perfume da sua alma entorpece
a flor que exala teu cheiro, mesmo resguardada,
inala minha quintessência
e no escuro da percepção
percorro cego o inebriante labirinto

pela boca te sorvendo
a degustar-te como se precisasse
urgentemente do seu néctar
capto seu ardor e efervescências
sibilo rastejando por todos seus esconderijos
tragando desejos gustativos
  
feneço o intimo, me desfaleci por inteiro
e no raiar, vou lembrar da noite e
reencarnar o que vivi.


Sobreviver não pode ser o único objetivo na vida

O importante é qual vida levamos, se ela é digna ou não, se é moralmente correta ou não.

http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/democracia/sobreviver-nao-pode-ser-o-unico-objetivo-na-vida/

A IMPORTÂNCIA DE UMA CARTA

Depois de ler o texto do Carpinejar - A IMPORTÂNCIA DE UMA CARTA, que me apropriei do título - lembrei-me das cartas que remetia.

Para você em especial: você se lembra da ultima carta que você enviou a um amigo(a)? Para outros em geral: será que alguma vez recebeu uma carta em casa sem ser correspondência comercial, panfleto ou outro aviso impresso aos milhares? Estranharia se recebesse uma carta? Quem sabe não deixaria para ler depois, pois acabou de receber um e-mail, uma mms ou uma sms no celular?


Ultimamente, é cada vez mais raro receber cartas, cartão postal e ou mesmo recados escritos à mão – tal procedimento era corriqueiro quando a vida não era tão digital como a de hoje.

Cartas são de uma época que quem escrevia tinham tempo para escrever, cultivar amizades e amores, apesar dos afazeres diários. Não quero dizer com isso que hoje não há amizades ou amores por “correspondência-eletrônica”. É que hoje falta ideia mesmo! Mas o pior é saber que a maioria não “sabe” escrever além dos truncamentos eletrônicos e das correções automáticas de software. Diferentemente de “ontem” a preocupação hoje é de viver só o presente com olhos postos na neblina que cobre o futuro. Esperar uma semana ou até um mês, dependendo do lugar, por uma resposta de uma mensagem é quase tratado como real descaso.

Escrever uma carta trazia em si um desapego ao mundo a sua volta. Um recolhimento em busca de fatos importantes a serem repassados. Uma narrativa sobre o que se vive, passou ou sonha realizar. Escrever uma carta era quase um ato de introspecção, uma reflexão “cursiva”. Às vezes essa carta era escrita durante dias em pequenos papeis, em blocos, anotados no dia a dia e guardados para que, num determinado momento, iluminado pela saudade e pela satisfação de “estar conversando” com aquela pessoa, iria escrever a carta. 

Era pura entrega. Para o bem da verdade, a carta é um produto artesanal. Você produz tudo, ou quase tudo. Com a matéria prima certa e uma dose de criatividade você transforma atenção, carinho e afeto em uma carta. Todo esse trabalho manufaturado para demostrar a pessoa o quanto ela é importante. É emocionante, mesmo que seja um pequeno bilhete. É uma experiência única. E escrever tinha um certo ritual.

Pensar no tempo entre o envio e o recebimento da resposta pode parecer meio bizarro, mas existia um intervalo pré-concebido que descobríamos depois das primeiras cartas: eram tantos dias para chegar ao destino, o prazo para leitura, o tempo para escrever a resposta e o período da remessa. Claro que isto era muito por estimativa, mas existia um tempo calculado.

Quem escrevia sabia que nunca se devia postar na sexta, pois ela iria seguir somente na segunda. Dois preciosos dias que podiam ser aproveitados a escrever. 

Onde escrever? Bloco, folhas avulsas ou em grandes formatos (pedaços de rolo de papel de embrulho para presentes cuja estampa escolhida também levaria uma mensagem intencional). Seja qual for o papel não podia haver rasuras, dúvidas e enganos. A escrita era única e bela. Você escolhia a caneta ou lápis ou “a BIC Rollon” ou talvez giz de cera ou quem sabe, carvão. Houve um tempo que as canetas esferográficas tinham perfume na sua combinação. Cada cor com a seu perfume.

Talvez o detalhe mais importante depois da mensagem era a dobradura das folhas. Quase um origami. Certamente você nunca deva ter notado como uma carta estava dobrada. Afinal o mais comum é a de três partes com duas dobras. Para cada carta, cada intensão a passar haveria uma dobradura. Escrevia-se uma mensagem, uma frase no espaço das dobras que permitia se ler enquanto ia desdobrando-a. Cada dobradura era um sonho a parte.

Talvez você nunca pensou na capacidade que a inclinação de uma folha tem no “desenho da letra”? Todas  ficam lindas, todas elas no mesmo sentido, com o mesmo tamanho e com o mesmo espaçamento. Eu tinha a preocupação de não usar jornal como apoio da folha que escrevia, pois a tinta ficava marcada do outro lado da folha as letras espelhadas. Se o assunto era extenso iria escrever frente-e-verso, caso contrário no verso da folha estaria os desenhos, frases, fotos coladas ou aquela flor ou uma folha de árvore. Às vezes, as cartas eram simples respostas das cartas anteriores intercaladas com algumas perguntas curiosas!

As fotos eram um item a parte. Não poderia ser muitas, pois aumentava o volume e o peso da correspondência e consequentemente o preço. Tais fotos levavam intimidade e dava veracidade à carta e fortalecia a amizade. As fotos quase sempre iam com dedicatórias no verso. Às vezes, eram fotos suas, das férias, de um aniversário ou cartões-postais de sua cidade. Quase sempre com longas descrições no verso de locais e de pessoas. Imagine a sorte que era ter amigos que moravam na Europa ou Estados Unidos? Recebendo “postcard” de lugares fantásticos?

A preocupação de escolher o envelope, a cor, se teria desenho ou decoração se juntava ao fato que eles deveriam ser RPC: recomendado pelo correio, pois não servia qualquer envelope. Dependendo do tamanho da carta e do envelope era possível fazer o envelope em casa desde que as medidas fossem padrão.

Depois de tudo pronto, a mensagem escrita ou como diriam os mais antigos: a missiva. Realizada a dobradura, tendo subscritado o envelope, há que ir ao Correio. Selar, enviar e constatar a pior parte de todo esse processo: esperar a resposta.
- Poderia me dizer quando essa carta chega ao destino?
Era inevitável essa pergunta. Contava-se nos dedos os dias de viagem, a distribuição e a entrega na casa.

Como não vibrar com a expectativa de receber e ler uma carta de alguém que dedicou um tempo para te escrever por que você é especial para essa pessoa e ela deseja demonstrar afeto, carinho, atenção e fazer a diferença pra você valorizando tua amizade, acariciando teu coração, alegrando tua vida e satisfazendo teu ego.

O grande tesouro de certas cartas era sensação mágica de tocar em algo que alguém escreveu especialmente para você. Antes de abrir esse baú de riqueza sentimental primeiro detínhamos em analises do envelope, selos e de como o envelope foi subscrito. Nada estava ali ao acaso. Sempre havia uma sutileza que não podia passar despercebida. 

Você está vendo a letra da pessoa, o papel onde ela manuseou. A carta é tátil, resgata a proximidade e o contato físico que foram perdidos com essa comunicação digital. Em suma, representa a pessoa que enviou a carta. É como se a pessoa estivesse junto de você conversando, contando fatos. Lembro do ato de cheirar o envelope. Era fantástico saber que aquele perfume foi colocado ali para você senti-lo. Era a assinatura olfativa. Aquele era o perfume dela. Depois de todo o ritual de abri-la sem rasgar, ela era lida, relida, lida novamente. E esse vínculo entre escritor e leitor, tornava a amizade mais duradoura e quase perene. As cartas são guardadas eternamente, ad eternum. 

As cartas são simples “ensaios existencialistas” talvez por isto haja tamanha carga de sentimentos nas entrelinhas. São objetos pessoais e por isto escrito á mão e carregados de significados. Raiva, ódio (com letras grandes, garranchos e escritos com forças). Amor, paixão (com flores, desenhos e odor). Tristeza, saudade (com folhas molhadas de lágrimas) e outros que a sua imaginação pode alcançar.

As cartas contem mensagens subliminares, desejos escondidos, informações primordiais e estava de cheia de códigos. Elas nem sempre se enquadravam no romântico ou como diziam antigamente como “cartas de amor”. Assim como hoje nem toda mensagem, ‘torpedo’ ou e-mail que esteja carregado de sentimentos pode ser considerado um “relacionamento sério”. Há inúmeros livros cujo titulo caracterizam bem isto: “cartas de – para” ou simplesmente “as cartas de fulano(a)”.

Mas tudo isto é passado. Hoje não há mais tempo para esses arcadismos emocionais. A sociedade nos fez ser efêmeros e rápidos, sem tempo para pensamentos e reflexões e sim ágeis com reações “pré-pró-ativas”. Estamos à mercê da comprovação e da constatação da necessidade de credibilidade, confiança, o medo generalizado e da tão ansiada privacidade que acabou com a liberdade que nos aprisiona numa senha. Hoje há o medo de arruinar a liberdade se passar o numero do telefone, imagine o caos existencial que se abateria sobre a pessoa ao divulgar o endereço ou cidade onde mora? Claro que sempre houve a possibilidade de uma caixa postal numa agência dos Correios.

As cartas você sabia que quem lhe escrevia era uma pessoa. De certa forma você “a conhecia”. Havia sessões em diversas revistas com pedidos de correspondência a partir uma mera descrição. Mesmo aquelas que você nunca viu e talvez nunca venha a vê-la, em algum momento houve uma prova de vida. Você acreditava na letra (mesmo que sejam aquelas letras horríveis e ilegíveis) e na intensão sutil que permeava a carta: amizade. Gente falsa e má sempre houve, ainda há hoje e com certeza existirá amanhã. Essa desconfiança elevada juntamente com a rapidez como as coisas são resolvidas sentenciou o fim do endereçamento de cartas tornando-o meramente comercial.

Se você escreve uma carta para alguém é o claro sinal de que a pessoa é importante para você. Se você recebe uma carta de alguém é o claro sinal que você é uma pessoa importante para ela. Se você não enviou uma carta não há possibilidade de receber uma carta.

Se ainda não escreveu uma carta, escolha um(a) amigo(a) e experimente essa sensação!

Essa prova de amizade é mão dupla!

HANA YORI DANGO

Provérbio japonês 花 よ り 団 子 hana yori dango "bolinhos em vez de flores;.

As pessoas estão mais interessados ​​na prática através da estética".




PANDORA

Procurando significado numa caverna mal iluminada

O significado é simples. Alias, como tudo e todo sentimento. Infelizmente coloca-se hierarquia no sentimento: gostar, adorar, amar, não necessariamente nesta ordem.

As vezes, ficamos nas nuvens quando amado, gostado ou adorado por alguém. Enchemos de alegria, satisfação e desejo por saber que nutrimos sentimentos por alguém, mesmo que a pessoa não saiba deste sentimento.

E se por sorte houver um reflexo ao meu sentimento simplesmente, levita-se.


Como não estar nas nuvens, se você me deu asas? 
Se ao pensar em você, elevo o espirito?
Errado, talvez. Mas acredito na pessoa de quem gosto.
Um olhar, uma foto ou uma ligação
equivale a verdadeiras
colunas de ar quente que me faz levitar 
sem esforço e sem conseguir disfarçar a felicidade.


É certo! Evidente! Claro!
Porém,
torna-se mais um ponto na escala de sentimentos.
Seria o ponto mais alto que duas pessoas podiam atingir num relacionamento?
Um verbo que conjuga conjuntamente uma ação: amar nos dois sentidos.
O máximo da demonstração do sentimento para com outro 
além da frase, do ato e do gesto.
Não se conjuga por ser estranho:
- eu redamo!
- eu sempre redamarei!
Quase um ouro com brilhantes quilates.


Silenciosamente, demonstro sem ferir
sua vida, seu jeito e sua aceitação.
Mesmo sem saber se a existência é verdadeira
para além do imaginário
Mesmo querendo que você seja 
pessoal além do meu sonho
Desejo faz parte do seu mundo
seu livro,
seu saber,
seu sentimento.


... finalmente você dormiu.


Em meus sonhos ouço sua voz
A me chamar por outro nome
A me pedir que te socorresse. 

Assim suas mãos me agarraram
Sem que eu pudesse te esquecer 
Vejo o seu medo, você paralisada
Como se visse uma queda a frente. 

Te abraço como se estivesse gelada
Te protegendo da chuva
Que impede que você chores.

Em meio a ventos bravios
Sinto seu corpo esquentar
E se esconder em meu peito.

Deitado com você, nem sonho mais.

As asas que nos trouxe ate aqui
São as mesmas que nos protege do frio. 

Ouço nosso coração compassado, 
finalmente você dormiu.


MUNDOS OPOSTOS

"What the eye doesn't see, the paranoia invented."

Simples assim. Difícil é acreditar que tem gente que acredita no que se escreve por aqui. E pior levam a sério! Se voce escreve algo encarnando um personagem (talvez um 'eu' letrado) certamente esta atitude personificará minha pessoa. Aquilo que compartilho não necessariamente sou eu, meu gosto ou 'disgosto' ou reflete o que passei, vivo ou espero viver. É um personagem escrevendo sobre um tema, sobre uma foto ou fato. Da mesma forma, quando não curtir determinado post não quer 'dizer' que não o li ou não dei a devida atenção.

Acho que o mundo real esta cada vez mais guiado pelo seu correlato virtual. FX é pouco para explicar. Qualquer rede social não é diferente de como age no bar, balada, campo de futebol, praia ou trabalho. Quando, você, nestes locais sai confessando a sua vida? Assim como aqui nao fala receando "invasao de privacidade" inventa "algo", lá se encarna um personagem sem problemas ou com todos os problema, um 'eu' com riqueza aparente nos tostões que carrega no bolso ou bolsa, que anda de taxi ou onibus mas desce antes e chega a pé. Talvez representar alguem que seja impossivel de ser.

A diferença esta entre a pessoa corpórea e a etéria (vamos dizer assim!). E o que diferencia? Aqui, como na vida pessoal, o grau de sinceridade. Nisto esta imbutido o respeito.  Ah!  mas isto esta faltando nos dois mundos.

- ESPERO PELO TÍTULO!




Cheguei à seguinte conclusão sobre tudo o que me ocorreu enquanto eu viajo olhando para aquelas fotos da nossa sessão: eu não me permitirei aceitar paixões momentâneas cheias de momentos passageiros como forma de sublimar o prazer à vida. 

Sabes por quê? Porque eu quero tudo desde o início. Desejo tudo de novo com você. Quero seus olhos de predador quando me olhavam com curiosidade e me despia com um único gesto. Quero sua boca a sugar minha boca. Desejo seus discursos gestuais na minha pele e suas tramas urdidas para futuros atentados. Quero fazer parte dos seus novos projetos. Quero de novo mais e mais surpresas inesperadas.  Quero tudo de novo! Eu quero! Não quero mais te procurar na agenda, te quero aqui: a silenciar as minhas tempestades e a atiçar meus incêndios. Quero que me obrigues a escalar esses preconceitos e a explorar as cavernas dogmáticas que eu mesma fui obrigada a construir.

Adoro você. Adoro com todos os corações possíveis. Adoro ser blindada pelo seu abraço. Adoro esse castelo que nos cerca, esse paraíso inumano que nos deixa nus de tempo e obrigações. Aliás, adoro jantar nua, só de scarpin preto, como se o epicentro do teu mundo fosse aos meus pés. Adoro, adoro, adoro! Adoro ser idolatrada e ser seu ícone de adoração. Adoro ser seu modelo e sua inspiração. Adoro ser sua criação e sua deusa. Adoro "você é meu oxigênio" sem ser sufocada por isto e sem "ser um mar". Adoro essa ilha que me contorna. Amo ser adorada por ti.

Por isto deixei de considerar as criticas. Ouvi-las é o mesmo que insultar-me. Não me importa que você seja Vulcano. Marte já morreu na ultima festa. Estou invariavelmente bela e determinada. Poucos ainda me reconhecem no que me tornei. Vejo o que não imaginava e sinto o que não sabia existir. 

E você abnegado e resignado, não pedindo nada, me extasia. Não quero ser reparada por esses doces danos implacáveis. Não mais irei permitir que você parta.

TREM NOTURNO PARA LISBOA


Em 'Trem noturno para Lisboa', Raimund Gregorius, professor de línguas clássicas em Berna, se levanta no meio da aula, abandona a sala e toma um trem para Lisboa. Em sua bagagem está um exemplar de reflexões filosóficas escrito pelo médico português Amadeu de Prado. Fascinado pelo livro, Gregorius decide investigar o autor. Em sua viagem, encontra pessoas que ficaram marcadas por seu relacionamento com esse homem excepcional, que o conheceram como médico, poeta ou combatente da ditadura.

Pascal Mercier é o pseudônimo literário do filósofo Peter Bieri. Nasceu em Berna em 1944 e até recentemente foi professor de Filosofia na Universidade de Berlim.

Peter Bieri
publicou, sob
o pseudónimo
PASCAL MERCIER
Trem Noturno a Lisboa, seu terceiro romance, vendeu em todo o mundo mais de 2.000.000 de exemplares desde que foi publicado em 2004 na Alemanha, onde ficou três anos na lista dos mais vendidos. O sucesso foi tanto que transformou o título do livro em uma expressão idiomática: vou tomar o trem noturno para Lisboa, ou seja, vou mudar de vida, tentar outros caminhos, buscar meus sonhos perdidos, aqueles sonhos que nem sequer tentei tornar verdadeiros.

UM OURIVES DAS PALAVRAS (alusão a Friedrich Nietzsche) - Dr. Amadeu Inácio de Almeida Prado, publicado em Lisboa pela Editora Cedros Vermelhos em 1975

Intertextualidade entre o livro Um ourives das palavras - de Amadeu Inácio Almeida Prado e O livro do desassossego - de Fernando Pessoa, Carta a meu pai - de Franz Kafka, O lobo da estepe – de Hermann Hesse [http://livros-que-li-e-reli.blogspot.com.br/2013/11/um-ourives-das-palavras-trem-noturno.html]


TRECHOS DO LIVRO

- "O 'o', que ela pronunciava surpreendentemente como um 'u', a sonoridade clara, estranhamente abafada do ê e o macio chiado no final soaram-lhe como uma melodia que, para ele, perdurou mais tempo do que na realidade, uma melodia que ele simplesmente adoraria ter escutado durante todo o resto do dia."

- "Haveria um mistério sob a superfície da atividade humana? Ou seriam as pessoas exatamente como se revelam através de suas ações explícitas?"

- "É um engodo achar que os momentos decisivos de uma vida, em que seus rumos habituais mudam para sempre, sejam necessariamente acompanhados de uma dramaticidade ruidosa e estridente, acompanhada de grandes surtos. (...) Na verdade, a dramaticidade de uma experiência decisiva para a vida é de natureza inacreditavelmente silenciosa."

- "Às vezes, temos medo de alguma coisa apenas porque temos medo de outra."

- "Havia pessoas que liam e havia as outras. Era fácil distinguir se alguém era leitor ou não. Não havia maior distinção entre as pessoas do que esta."

- "Quem sente dores ou medo não pode esperar."

- "Dizer alguma coisa para outra pessoa: como podemos esperar que aquilo possa surtir efeito? O fluxo de pensamentos, imagens e sentimentos que passa por nós tem uma força tal que seria um milagre se não inundasse simplesmente todas as palavras que outra pessoa nos diz, relegando-as ao esquecimento, a não ser que coincidentemente, muito coincidentemente, combinem com as nossas próprias palavras."

- "Mas o que é um ser humano sem segredos? Sem pensamentos e desejos que apenas ele próprio conhece?"

- "A imaginação, o nosso último santuário."

- "Como seria levar uma vida que se proíbe qualquer expectativa ousada e imodesta, uma vida em que somente houvesse expectativas banais, como a espera pelo próximo ônibus?"

- "Por que os vestígios do passado me entristessem, mesmo quando são vestígios de alguma coisa alegre?"

- "Viver o momento: soa tão certo e tão belo. Mas quanto mais desejo isso, menos percebo o que significa."

- "Como seria depois de ler a última frase? Sempre temera a última página, e a partir do meio do livro já o afligia periodicamente o pensamento de que teria de haver irremediavelmente uma última frase."

- "Será que tudo o que fazemos é pelo medo que temos da solidão?"

- "Eles riram e riram mais e mais, olharam um para o outro e sabiam que também estavam rindo sobre risos passados e sobre o fato de que se ri melhor daquilo que mais importa."

- "Dizer alguma coisa para outra pessoa: como podemos esperar que aquilo possa surtir efeito? O fluxo de pensamentos, imagens e sentimentos que passa por nós tem uma força tal que seria um milagre se não inundasse simplesmente todas as palavras que outra pessoa nos diz, relegando-as ao esquecimento, a não ser que coincidentemente, muito coincidentemente, combinem com as nossas próprias palavras."

- “Se é verdade que apenas podemos viver uma pequena parte daquilo que em nós existe, então o que acontece ao resto?”

- "Que pode - que deve - ser feito, com todo o tempo que temos pela frente? Em aberto e informe, leve como o ar na sua liberdade e pesado como chumbo na sua incerteza?"

- "É um desejo, um simples e nostálgico sonho, voltar a determinado ponto da nossa vida e poder tomar um rumo completamente diferente daquele que fez de nós quem somos?"

- “Quando falamos de nos próprios, sobre os outros ou simplesmente sobre coisas, o que pretendemos é — poderíamos dizer — nos revelar através de nossas palavras: Queremos dar a conhecer o que pensamos e sentimos. Permitimos que os outros lancem um olhar para dentro de nossa alma. (We give them a piece of our mind).”

- “[...] Adoro túneis. Eles são para mim, a imagem da esperança: em algum momento tudo voltará a ficar claro. Caso não seja noite. Às vezes recebo visitas no compartimento. Não sei como isto é possível, com a porta trancada e selada, mas acontece. Geralmente esta visita vem num momento impróprio. São pessoas do presente e do passado. Vem e vão, conforme querem, não têm respeito e me incomodam. Preciso falar com elas. É tudo provisório, descomprometido, voltado ao esquecimento, conversas de trem. Alguns visitantes desaparecem sem deixar rastro. Outros deixam rastros pegajosos e fétidos, não adianta arejar. Nestas horas quero arrancar todo o mobiliário do compartimento para trocar por um novo. A viagem é comprida. Há dias em que desejo que seja infinita. São dias invulgares, preciosos. Há outros em que fico aliviado por saber que haverá um ultimo túnel em que o trem parará para sempre.”

- “Força-te, força-te a vontade e violenta-te, alma minha; mais tarde, porém, já não terás tempo para te assumires e respeitares. Porque de uma vida apenas, de uma única dispõe o homem. E se para ti esta já quase se esgotou , nela não soubeste ter por ti respeito, tendo agido como se a tua felicidade fosse a dos outros... Aqueles, porém, que não atendem com atenção os impulsos da própria alma são necessariamente infelizes.”

- “As vezes, temos medo de uma coisa apenas porque temos medo de outra”. 

- “O verdadeiro encenador da nossa vida é o acaso— um encenador cheio de crueldade, misericórdia e encanto cativante.” 

- “A vida não é aquilo que vivemos, é aquilo que imaginamos viver.”

- “A imaginação é o nosso último refúgio.”

- “As pessoas não suportam o silêncio, isso significaria que elas teriam de se suportar a si próprias”

- “Alguém que realmente quer conhecer a si mesmo deveria ser um colecionador obcecado e fanático de desilusões, e a procura de experiências decepcionantes deveria ser, para ele, como um vício, na verdade como um vício dominante na sua vida, pois então ele compreenderia, com toda a clareza, que a desilusão não é um veneno quente e destruidor, e sim um bálsamo refrescante e tranqüilizante que nos abre os olhos para os verdadeiros contornos sobre nos mesmos.”

- “Quando deixamos determinado lugar, deixamos para trás um pedaço de nós, permanecemos lá, apesar de partirmos. E há coisas em nós que só podemos recuperar se voltamos para lá.”

- “Estremeço só de pensar na força não intencional e desconhecida, porém inexorável e inevitável, com que os pais deixam marcas nos seus filhos, as quais, como marcas de queimadura, nunca mais poderão ser eliminadas. “ 

- “Qualquer instante pode ser o último. Sem o mínimo pressentimento, no mais completo desconhecimento, vou transpor uma parede invisível atrás da qual não existe nada, nem sequer a escuridão. O meu próximo passo pode muito bem ser o passo através dessa parede. Não seria ilógico sentir medo disso, uma vez que nem vou vivenciar esse súbito apagar e sabendo de antemão que tudo é assim mesmo?”

- “As histórias que os outros contam sobre nós e as histórias que nós mesmos contamos – quais delas se aproximam mais da verdade?”

- “Medo se tem de algo que ainda está por acontecer, que ainda temos que enfrentar.”

- “Cheguei a pensar que o espírito de Amadeus era, antes de mais nada, linguagem, – que a sua alma era feita de palavras.”

- “Um ruído alto, que parecia vir de uma distância medieval.”

- “Silencioso como um navio sepultado no fundo do mar.”

- “Na escuridão, o ranger da porta parecia bem mais ruidoso do que durante o dia, mais ruídoso e mais proibitivo.”

- "Quando a ditadura é um fato, a revolução é um dever"

- "O real diretor da vida é o acidente, um diretor cheio de compaixão atroz e charme encantador."

- "Na juventude, vivemos como se fôssemos imortais, Conhecimento de mortalidade dança em torno de nós como uma fita de papel frágil que quase não toca a nossa pele. Quando, na vida isso muda? Quando é que a fita apertar, até que finalmente ele estrangula-nos?"

- "Nós vivemos aqui e agora, tudo antes e em outros lugares é passado e esquecido na maior parte".

FONTE:


DISCURSO DE Amadeu Prado no LICEU CATOLICO:

Reverência e aversão perante a palavra de Deus.

Não quero viver num mundo sem catedrais. Preciso de sua beleza e de sua transcendência. Preciso delas contra a vulgaridade do mundo. Quero erguer o meu olhar para seus vitrais brilhantes e me deixar cegar pelas cores etéreas. Preciso do seu esplendor. Preciso dele contra a gritaria no pátio da caserna e a conversa frívola dos oportunistas. Quero escutar o som oceânico do órgão, essa inundação de sons sobrenaturais. Preciso dele contra a estridência ridícula das marchas. Amo as pessoas que rezam. Preciso de sua imagem. Preciso dela contra o veneno traiçoeiro do supérfluo e da negligência. Quero ler as poderosas palavras da Bíblia. Preciso da força irreal de sua poesia. Preciso dela contra o abandono da linguagem e a ditadura das palavras de ordem. Um mundo sem essas coisas seria um mundo no qual eu não gostaria de viver.

Mas existe ainda um outro mundo no qual eu não quero viver: um mundo em que se demoniza o corpo e o pensamento independente e onde as melhores coisas que podemos experimentar são estigmatizadas e consideradas pecado. O mundo em que nos é exigido amar os tiranos, os opressores e assassinos, mesmo quando seus brutais passos marciais ecoam atordoantes pelas vielas ou quando se esgueiram, silenciosos e felinos, como sombras covardes pelas ruas e travessas para enterrar, por trás, o aço faiscante no coração de suas vítimas. Entre todas as afrontas que se lançaram do alto dos púlpitos às pessoas, uma das mais absurdas é, sem dúvida, a exigência de perdoar e até de amar essas criaturas. Mesmo se alguém o conseguisse, isso significaria uma falsidade sem igual e um esforço de abnegação desumano que teria que ser pago com a mais completa atrofia. Esse mandamento, esse desvairado e absurdo mandamento do amor para com o inimigo, serve apenas para quebrar as pessoas, para lhes roubar toda a coragem e toda a autoconfiança e para torná-las maleáveis nas mãos dos tiranos, para que não consigam encontrar forças para se levantar contra eles, se necessário, com armas. 

Venero a palavra de Deus, pois amo a sua força poética. Abomino a palavra de Deus, pois odeio a sua crueldade. Este amor é um amor difícil, pois tem que distinguir constantemente entre o brilho das palavras e a subjugação verborrágica a uma divindade presumida. Este ódio é um ódio difícil, pois como é que podemos nos permitir odiar palavras que fazem parte da própria melodia da vida nessa parte da Terra? Palavras que para nós foram dadas como finais, quando começamos a pressentir que a vida visível não pode ser toda a vida? Palavras sem as quais não seríamos aquilo que somos?

Mas não nos esqueçamos: são palavras que exigem de Abraão que sacrifique o seu próprio filho como se fosse um animal. O que fazer com a nossa ira quando lemos isto? Um Deus que acusa Jó de disputar com ele quando nada sabe e nada entende? Quem foi que o criou assim? E por que seria menos injusto quando Deus lança alguém no infortúnio sem motivo do que quando um comum mortal o faz? E Jó não teve todos os motivos para a sua queixa?

A poesia da Palavra divina é tão avassaladora que cala tudo e reduz toda e qualquer contestação a um uivo lastimável. É por isso que não se pode simplesmente pôr a Bíblia de lado, mas ela deve ser jogada fora assim que estejamos fartos de suas exigências e do jugo que ela nos impõe. Nela, manifesta-se um Deus avesso à vida, sem alegria, um Deus que quer restringir a poderosa dimensão de uma vida humana – o grande círculo que descreve quando está em plena liberdade – a um só e limitado ponto de obediência. Carregados com o fardo da mágoa e o peso do pecado, ressequidos pela subjugação e pela falta de dignidade da confissão, a testa marcada pela cruz de cinza, devemos marchar em direção à sepultura, na esperança mil vezes contestada de uma vida melhor a Seu lado; mas como pode ser melhor ao lado de alguém que antes nos privou de todos os prazeres e de todas as liberdades?

E, no entanto, as palavras que vêm de Deus e para ele se dirigem são de uma beleza avassaladora. Como as amei nos tempos de coroinha! Como me embriagaram no brilho das velas do altar! Como pareceu claro, tão claro quanto a luz do sol, que aquelas palavras fossem a medida de todas as coisas! Como parecia incompreensível, para mim, que as pessoas dessem importância também para outras palavras, quando cada uma delas não podia significar mais do que dispersão desprezível e perda da essência! Ainda hoje paro quando escuto um canto gregoriano, e durante um instante irrefletido fico triste que este estado de embriaguez tenha dado lugar irremediavelmente à rebelião. Uma rebelião que se ateou em mim como uma labareda quando, pela primeira vez, escutei estas palavras: sacrificium entellectus.

Como podemos ser felizes sem a curiosidade, sem questionamentos, dúvidas e argumentos? Sem o prazer de pensar? As duas palavras que são como um golpe de espada que nos decapita não significam nada menos senão a exigência de vivenciar nossos sentimentos e nossas ações contra o nosso pensar, são um convite para uma dilaceração ampla, a ordem de sacrificar precisamente o núcleo da felicidade: a harmonia interior e a concordância interna de nossa vida. O escravo na galé está acorrentado, mas pode pensar o que quiser. Mas o que Ele, o nosso Deus, exige de nós, é que interiorizemos com nossas próprias mãos a escravidão nas profundezas mais profundas e que, ainda por cima, o façamos voluntariamente e com alegria. Pode haver escárnio maior?

Em sua onipresença, o Senhor é alguém que nos observa dia e noite, que a cada hora, cada minuto, cada segundo registra nossas ações e nossos pensamentos, nunca nos deixa em paz, nunca nos permite um momento sequer em que possamos estar a sós conosco. Mas o que é um ser humano sem segredos? Sem pensamentos e desejos que apenas ele próprio conhece? Os torturadores, os da Inquisição e os atuais, sabem: corte-lhe a possibilidade de se retirar para dentro, nunca apague a luz, nunca o deixe a sós, negue-lhe o sono e o sossego, e ele falará. O fato de a tortura nos roubar a alma significa: ela destrói a solidão com nós mesmos, da qual necessitamos como do ar para respirar. O Senhor, nosso Deus, nunca percebeu que, com sua desenfreada curiosidade e sua repugnante indiscrição, nos rouba uma alma que, ainda por cima, deve ser imortal?

Quem é que realmente quer ser imortal? Quem quer viver por toda a eternidade? Como deve ser tedioso e vazio saber que não tem a menor importância o que acontece hoje, este mês, este ano, pois ainda sucederão infinitos dias, meses, anos. Infinitos no sentido literal da palavra. Alguma coisa ainda contaria, neste caso? Não precisaríamos mais contar com o tempo, não perderíamos mais oportunidades, não teríamos mais que nos apressar. Seria indiferente se fizéssemos alguma coisa hoje ou amanhã, totalmente indiferente. Diante da eternidade, negligências milhões de vezes repetidas se tornariam um nada e não faria mais sentido lamentar alguma coisa, pois sempre haveria tempo para recuperar. Não poderíamos nem mesmo nos entregar à simples fruição do dia, pois essa sensação de bem-estar decorre da consciência do tempo que se esvai, o ocioso é um aventureiro perante a morte, um cruzado contra o ditado da pressa. Onde ainda existe espaço para o prazer em esbanjar tempo quando existe tempo sempre, em todo lugar, para tudo e para todos?

Um sentimento não é idêntico quando se repete. Tinge-se de outras nuances pela percepção do seu retorno. Cansamo-nos dos nossos sentimentos quando se repetem muitas vezes ou duram demais. Na alma imortal surgiria, portanto, um tédio gigantesco e um desespero gritante perante a certeza de que aquilo nunca acabará, nunca. Os sentimentos querem evoluir, e nós com eles. São o que são porque repelem o que já foram e porque fluem em direção a um futuro onde mais uma vez se afastarão de nós. Se esse caudal desaguasse no infinito, milhares de sensações teriam que surgir dentro de nós, que, acostumados a uma dimensão limitada de tempo, nunca conseguiríamos imaginar. De modo que, pura e simplesmente, nem sabemos o que nos é prometido quando ouvimos falar da vida eterna. Como seria sermos nós próprios na eternidade, sem o consolo de podermos, um dia, vir a ser redimidos da obrigação de sermos nós? Não o sabemos, e o fato de nunca o virmos a saber representa uma bênção. Pois uma coisa podemos estar certos: seria um inferno, esse paraíso da imortalidade. 

É a morte que confere o instante a sua beleza e o seu pavor. Só através da morte é que o tempo se transforma num tempo vivo. Por que e que o Senhor, Deus onisciente, não sabe disso? Por que nos ameaça com uma imortalidade que só poderia significar um vazio insuportável?

Não quero viver num mundo sem catedrais. Preciso do brilho de seus vitrais, de sua calma gelada, de seu silêncio imperioso. Preciso das marés sonhadas do órgão e do sagrado ritual das pessoas em oração. Preciso da santidade das palavras, da elevação da grande poesia. Preciso de tudo isso.  Mas não menos necessito da liberdade e do combate a toda a crueldade. Pois uma coisa não é nada sem a outra. E que ninguém me obrigue a escolher.

FONTE:

BILHETE

Você esteve em casa de novo e eu não estava lá para te receber. Temos uma sucessão de coincidências que nos deixa sempre esperando por um novo desencontro. Será que você só aparece quando não estou ou eu nunca estou onde você se encontra? Na semana passada, te esperei com um filme francês, uma pizza italiana e um vinho português mas, quase que resignadamente, sabia que você não viria à este lugar tão equidistante da civilização cosmopolita. O que me deixou felicíssimo foi perceber seus beijos. Vermelho fire, que bom que você gostou do batom! Tenho certeza que deixaram seus lábios mais lindo do que são realmente. Gosto de acreditar que esses beijos na parede eram para mim. Quarta-feira, às sete horas, ficarei de plantão à porta, esperando a faxineira: - não limpe essa parede, não apague a minha felicidade de voltar para casa - direi eu à senhora.

Espero que você tenha levado esse bilhete.

Com amor, Fã.

DIARY OF MY PASSION - 10

Você poderia escrever, comentar ou simplesmente criticar o DIARY OF MY PASSION?
O que você escrever, eu publico aqui.
OBRIGADO!

GOSTO DE ...

  • Caminhar com o intuito de esquecer
  • Cozinhar para satisfazer, eu e outros
  • Filmes por que me isolam da realidade
  • Fotografar pois me ajudam a lembrar da vida
  • Livros por que ensinam a valorizar o momento