CHIMARRÃO: TOME COM MODERAÇÃO


Existem muitas dúvidas sobre a saúde de quem cultiva o hábito de tomar o chimarrão, bebida de origem Guarani, preparada com erva-mate e sinônimo de hospitalidade no Rio Grande do Sul.
Na intenção de esclarecê-las, a
Assessoria de Comunicação Social da ULBRA Saúde perguntou a três profissionais de especialidades diferentes para que os sulistas possam manter os costumes sem correr riscos.


ACS - Muito já se falou sobre a possibilidade de o chimarrão causar câncer de esôfago e garganta. Estas doenças podem mesmo estar associadas a esta bebida?

Nara Comerlato, gastroenterologista – Indiretamente sim. O chimarrão por ter cafeína pode estimular o Refluxo do Conteúdo Gástrico para o esôfago. Em pessoas com história familiar de câncer de esôfago e sintomas de Doença de Refluxo Gastro-esofágico seria melhor descontinuar o uso.

ACS - Fora câncer, quais as doenças do trato digestivo o chimarrão pode vir a causar por ser uma bebida quente?

Nara Comerlato, gastroenterologista – A bebida quente pode queimar a mucosa do esôfago, como queima a boca. O chimarrão por ser uma bebida estimulante, tem cafeína e não é própria para quem tem Doença de Refluxo Gastro-esofágico.

ACS - Já se disse que a erva-mate combate radicais livres. É verdade?

Zaira N. Santos, nutricionista – Sim. Por ter em sua composição ácidos fenólicos (que aparecem também nos vegetais), ela tem vitaminas e minerais. Esses ácidos agem combatendo os processos oxidativos das células, evitando assim o envelhecimento natural. Com essa propriedade a erva-mate pode ajudar no combate a aterosclerose, que é a deposição de placas no interior das artérias, um fator de risco para as doenças cardiovasculares.

ACS - O chimarrão tem muita cafeína, isso pode desregular o cálcio e o magnésio de nosso corpo?

Zaira N. Santos, nutricionista – Tanto a cafeína da erva-mate, como a do café e dos chás podem desregular a assimilação do cálcio no organismo. Mas ela não é prejudicial ao metabolismo ósseo desde que o consumo de cálcio da dieta seja adequado.

ACS - Um estudo do pesquisador Edson Luiz da Silva, em sua tese de doutorado realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, em que analisa a ação da erva-mate, diz que ela se mostrou um eficaz redutor das reações de oxidação que causam a aterosclerose. O que pensa sobre isso?

Túlio Muradas, cardiologista – Ele criou a hipótese de que, apesar do consumo de carne no RS ser maior que no resto do País, os índices de aterosclerose se mantêm semelhantes aos dos outros estados e questionou a influência do chimarrão neste processo. Sua pesquisa, ainda em nível de cobaias animais, demonstrou uma redução de 50% na doença em coelhos com dieta rica em colesterol, tratados com erva-mate. As vitaminas B presentes no chimarrão determinaram uma redução de homocisteina, um dos responsáveis pela oxidação do LDL (colesterol ruim) que leva a lesões nas artérias. Ao transportar seu estudo para uma pequena amostra de humanos, 12 indivíduos, demonstrou através de análise do sangue uma redução de fatores oxidativos após a ingestão de 500ml de chimarrão. Estes indícios iniciais levantam a possibilidade de se ter a erva-mate como um associado à prevenção da aterosclerose e a conseqüente diminuição no risco de infartos. Entretanto, é importante salientar que a confirmação destes indícios depende ainda de uma pesquisa científica mais abrangente, para que estes efeitos, se houverem, possam ser bem identificados e quantificados. O processo de confirmação desta afirmação deverá ser semelhante ao de pesquisas com outros alimentos, descobrindo-se qual composto específico é responsável pelo efeito e confirmando-se sua real eficiência. Mas, apesar de a pesquisa ainda estar no meio de seu processo, esta possibilidade parece bem animadora e seria uma nova e bem vinda arma contra a doença cardiovascular. Assim, vamos aguardar o final do trabalho conduzido pelos dedicados médicos pesquisadores.

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