Benedito Fortti é daqueles que honram o nome que tem: bem dito. Se for para conversar tem que ter disponibilidade, horas mesmo podendo chegar as raias do dia de conversa e fica sobrando assunto ... mais isto é outra conversa. Depois de conversar com o velho velho amigo sobre pão, vinho e mulheres... Depois de garrafadas de vinho sem medo de que a verdade não continue a mesma... Depois de muito rir das desgraças do mundo politico... Depois de comentar a vida alheia ... ... Ele me emprestou um livro de poesias que acredito estar destinado a mim com um certo pretexto: SÓ, do escritor português António Nobre. Benê empresta livros e pede emprestado livros. E-books nem pensar. Livro é um objeto físico cheio de imaginação. Todos os seus livros têm uma característica: trazem um carimbo como aqueles selos EX-LIBRIS na primeira pagina. Trata-se de uma releitura daquele poster da década de 30 onde aparece os Estados Unidos convocando americanos para a guerra personificado no Tio Sam apontando o dedo, porém havia duas grande letras "V" ao lado da mão e embaixo escrito em arial extra bold: VAI & VOLTA. Dentro do livro e isto eu vi somente em casa, havia como se fosse um marcador de pagina, um bilhete estreito impresso da internet provavelmente, com texto escrito na horizontal e com o titulo na vertical: NAO PISE NO PATO! Digo pretexto, pois certa vez falávamos sobre relacionamento solitário e no meio da conversa tivemos uma discussão mais acirrada sobre solidão, que foi interrompida por um delicioso bolo de chocolate amargo acompanhado por uma taça de vinho do Porto LBV. Ambos estavam dispostos numa mesa simples de vidro, porém impecável mente preparada pela silenciosa Gertrudes, a esposa de Benedito. Depois disto nunca mais conversamos sobre esse assunto. Alias, falar sobre esse casal daria uma tese. Passavam dias calados, semanas até e as vezes eram como jovens nubentes apesar dos 30 anos de casamento. Até os amigos mais chegados ignoravam como tinham se conhecido. Digo pretexto, pois ele sempre foi contra um casamento de fachada e no meu caso um relacionamento de conveniência. Ele sempre foi a favor da convivência pacifica do casal e tudo leva a crer que me aconselhava a ficar só. Assim era o horizontal texto: Certa vez três amigos morreram tentando salvar um garoto em um incêndio, quando eles chegaram no céu foram recebidos por São Pedro que disse a eles que por terem eles morrido tentando preservar a vida de outra pessoa, eles voltariam para a terra ao lado de uma linda mulher, mas para isso acontecer eles teriam que passar por uma prova que todos aceitaram com uma certa desconfiança. Disse São Pedro: aqui no céu só temos uma unica regra: "NÃO PISE NOS PATOS!" Eles acharam a regra esquisita, mas quando, finalmente, atravessaram as portas eles perceberam que era quase impossível andar sem pisar em um pato. O paraíso estava forrado de patos. Muitos. Milhares. Por toda a parte havia patos. Seria impossível não pisar em um deles. São Pedro então sancionou que aquele que conseguisse ficar 4 semanas sem pisar em nenhum pato iria voltar para a terra com uma linda mulher e se pelo contrario, quem pisasse iria para a terra com uma mulher horrível. Passado uma semana, um deles pisou no pato e logo surge São Pedro, acompanhado da mulher mais feia jamais vista na face da Terra e foi assim que ele voltou para a terra de braços dados. Duas semanas se passaram e o outro rapaz pisou no pato e também e voltou para a terra com uma mulher mais horrível que a feia. O homem que ficou conseguiu ficar as 4 semanas incólume e como recompensa São Pedro lhe trouxe uma mulher linda e espetacular, ele ficou encantado com a beleza daquela mulher e disse: - Meu Deus o que eu fiz para merecer isso tudo? E a Mulher respondeu: - O que o 'tio' fez para merecer "isto" eu não sei. O que sei é o que EU fiz: pisei num maldito pato na outra sala.
