VIDAS FUTURAS

Ontem, navegando como tripulante da VICTÓRIA (1520), nau de Fernão de Magalhães, descobri uma palavra, estranha na pronuncia, curiosa no significado: MAMIHLAPINATAPEI (em yagan, língua do povo indígena do mesmo nome que habitava a Terra do Fogo, no fim da Argentina) que significa "um olhar trocado entre duas pessoas no qual cada um espera que a outra tome a iniciativa de algo que os dois desejam, mas nenhuma quer começar ou sugerir". 

-Tudo está ligado, aquilo que se pesquisa mais aquilo que se descobre é o reflexo do pensamos. Assim uma palavra “linka” outra e se cria uma corrente de significados.
Essas duas palavras se junta a primeira: ABULIA e ATELOFOBIA

Talvez esse olhar de indígena sul-americano decorra do efeito colateral do amor líquido: a misteriosa fragilidade dos laços humanos e os desejos conflitantes de estreitar esses laços e ao mesmo tempo mantê-los frouxos inspirados pelo sentimento de insegurança.

Pensei nisto, pois sei lembrar-me de você, todos os dias. E não é de hoje esse sentimento. Todas às vezes é sempre a mesma sensação familiar.

Antes de te encontrar e vê-la sempre tenho a nítida impressão de se tratar de um rever diário e não uma visita depois de um tempo de longe.

Quando estou na sua frente, olhando e conversando, é como se falássemos sobre uma parte do dia que não estávamos juntos, mesmo que os assuntos fossem de meses atrás. E quando vou embora, fico com uma certa sensação de "até mais tarde".

Seria estranho se não eu achasse que isto é a mais pura verdade, diária e correta. 

Diriam uns se tratar da "vida que tivemos em outro tempo", mas acredito mesmo de se tratar de "vidas futuras".

Há uma expressão em japonês - KOI NO YOKAN; a sensação de encontrar pela primeira vez a pessoa pela qual você irá se apaixonar. Sim, eu tive essa sensação. Sempre a tenho todas as vezes que te vejo. Como se fosse aquela primeira vez que a vi.

O meu silêncio não é abulia, nem esta na incapacidade de tomar decisões e muito menos na falta de coragem. Trata-se do medo, medo de perdê-la de vista. Medo, perguntaria você com uma bela cara de espanto. Sim, por duas razões. Uma se refere ao meu sentimento. Medo de não ser suficientemente bom, de não preencher as expectativas e nem configurar novas perspectivas. A outra tem a ver com você e também  comigo. Confesso que acho isto, sem te perguntar se é verdade ou não. Trata-se daquele medo de não confiar nas pessoas, devido a experiências negativas do passado.

De pistantrofobico todos os traídos tem um pouco.

SENTIDOS


primeiro quero te olhar,
sem pressa com todo o tempo do mundo
descobrir seu corpo, admirar cada nuance
como se fosse um por de sol.
não capto outros olhos
não imagino outra visão

depois quero explorar sua pele
percorrendo todos os seus volumes.
estar contigo na força do contato
no calor que percorre seu corpo
estimulando fundo
sentindo delicias
fazendo tremer,
quero abalar suas estruturas.

para o meu deleite
ouvir a melodia da noite
o gemido do vento arfado ao som do prazer
e como ultimo recurso,
o clamor de sua voz aveludada,
macia como sua pele,
a sussurrar pedidos.

o teu cheiro me fantasia,
o perfume da sua alma entorpece
a flor que exala teu cheiro, mesmo resguardada,
inala minha quintessência
e no escuro da percepção
percorro cego o inebriante labirinto

pela boca te sorvendo
a degustar-te como se precisasse
urgentemente do seu néctar
capto seu ardor e efervescências
sibilo rastejando por todos seus esconderijos
tragando desejos gustativos
  
feneço o intimo, me desfaleci por inteiro
e no raiar, vou lembrar da noite e
reencarnar o que vivi.


GOSTO DE ...

  • Caminhar com o intuito de esquecer
  • Cozinhar para satisfazer, eu e outros
  • Filmes por que me isolam da realidade
  • Fotografar pois me ajudam a lembrar da vida
  • Livros por que ensinam a valorizar o momento