Olho o seu corpo como quem admira uma
escultura em pedra. Procuro nos seus veios respostas aos meus desejos mais
profundos. Fico petrificado ao toque da sua pele fria e imagino a carne quente.
Embora sua rudeza ao meu sentimento seja monumental como um monte, não deixo de
sempre contorna-la feito rio de águas determinadas. Adora-la é crime, quase sacrilégio da casta. Mesmo renegando minha oferenda, eu sirvo-te. Quero estar
aqui, aos seus pés, sem me esquecer o que és. Não importo que seu olhar estático fira-me como Medusa pois não imagino viver longe desta maldição.
Caminhei muito a sua procura, só guiado pela sua voz. Esperei muitos anos para
lhe encontrar, pois queria que os Deuses fossem testemunhas. Me satisfazia
encontra-la em meio da multidão pois guardaria seu sorriso mesmo que não fosse
para mim. Seu encanto me trouxe de volta de muitos lugares, fortificou-me nas
batalhas e acalentou-me nas tempestades. Nunca me abandonaste sem nunca ter me
conhecido. Nunca deixei de perceber seus olhos postos em mim sem nunca ter me
visto. Nunca deixei de acreditar na sua existência, mesmo
sabendo que você era uma ilusão.