Detalhe da obra A dança da noiva ao ar livre, de Pieter Brueghel (1566). As festas medievais eram espaços de quebra das regras morais. |
O dia dos namorados, ou dia de São
Valentim, como é chamado em alguns países, é uma das principais datas
comemorativas do planeta. A troca de presentes e mensagens entre os casais
aquece o comércio e gera cifras colossais em diversos países. No entanto, a
celebração nem sempre foi ligada ao comércio. A festividade tem raízes
históricas que remontam aos rituais pagãos da Roma antiga.
De acordo com a tradição, o dia
14 de fevereiro, data em que o dia dos namorados é comemorado, relembra o
aniversário de morte de São Valentim, mártir cristão que provavelmente viveu
durante o século III. Nesse período, o imperador romano Claudio II proibira os
casamentos, por acreditar que os homens solteiros e sem responsabilidades
familiares eram melhores soldados. Valentim se opôs a essa decisão, concedendo
as bênçãos matrimoniais a jovens noivos de forma clandestina.
A rebeldia do santo o levou à
prisão e ele acabou decapitado no ano de 270. Durante o período em que esteve
trancafiado, Valentim teria se apaixonado por uma jovem, filha do carcereiro,
com quem manteve um romance secreto. Antes de sua morte, o religioso lhe escreveu
uma mensagem em que assinou “do seu Valentim”, criando aquilo que se tornaria o
primeiro cartão de dia dos namorados.
Dois séculos depois, no ano de
496, o papa Gelásio I escolheu Valentim como símbolo dos enamorados. No
entanto, toda a saga do mártir é incerta. Há pelo menos três religiosos com o
nome de Valentim, dois deles sepultados em Roma e um terceiro que teria sido
morto na África. A própria Igreja Católica, em 1969, deixou de celebrar o
aniversário do santo por considerar suas origens – e mesmo sua existência –
incertas.
Apesar dessas dúvidas sobre a
verdadeira história do mártir, a data que relembra sua morte se consolidou
durante o período medieval, mas de uma maneira muito diferente da que
conhecemos hoje. Ligadas a rituais de fertilidade e renovação da terra que
remontam ao período romano, as comemorações do dia de São Valentim eram o
momento em que as rígidas condutas morais impostas pela Igreja Católica eram
quebradas. Nessas festividades, as mulheres casadas reconquistavam as liberdades
do tempo de solteiras e ficavam livres para flertar com quem quisessem, podendo
até cometer adultério com a tolerância de seus maridos.
Esse tipo de conduta, que
desafiava o sagrado dever da fidelidade, foi duramente combatido pela Igreja,
especialmente após o século XVII, durante a chamada Contra-Reforma. Essas
tradições se mantiveram por algum tempo em regiões como Turim e Gênova, mas a
partir do século XX já haviam desaparecido por completo. A partir de então, a
comemoração do dia de São Valentim abandonou suas raízes libertinas e se tornou
uma ocasião para as demonstrações de afeto entre casais de todo o planeta.
No Brasil, a história do dia dos
namorados começou em 1949. Na época, o empresário João Dória trouxe do exterior
a ideia de celebrar uma data em homenagem aos jovens casais. No entanto, a
festa passou por algumas adaptações para se encaixar melhor nas tradições do
país. Em primeiro lugar, a referência a São Valentim, santo nada popular na
cultura brasileira, foi abandonada. Em seguida, trocou-se o dia 14 de fevereiro
pelo 12 de junho. A nova data, véspera do dia do “santo casamenteiro”, Santo
Antônio, foi escolhida para que a festividade pudesse animar o fraco comércio
no sexto mês do ano.
E deu certo!
FONTE: HISTÓRIA VIVA
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